Não é só a Copa que vem da Rússia. Enquanto a bola não volta a rolar até as quartas de final, o país de Dostoiévsky também tem projetos automotivos para lá de interessantes. Como o mais recente de VItaly Ivanov. Batizado de Yagalet Prototype 2.0, o cupê promete rodar sobre qualquer superfície plana. Inclusive sobre as águas. E ele conseguiria fazer isso com a ajuda de um colchão de ar inflável sob seu assoalho, o que o tornaria em mais do que um mero esportivo, mas também em um hovercraft.
Se você não conhece o conceito do hovercraft, permita-nos apresentar Sir Christopher Cockerell. Assombrado pelo Dia D, episódio fundamental para o fim da Segunda Guerra Mundial, mas no qual milhares de soldados morreram, ele tentou conceber um veículo anfíbio, que tivesse permitido aos militares desembarcar diretamente em terra, o que teria causado muito menos mortes. Para isso, o veículo teria de ser quase imune ao atrito, algo que só seria possível se ele literalmente flutuasse. E foi isso que Cockerell conseguiu usando um potente "ventilador" cujo fluxo de ar era direcionado ao chão por meio de um colchão aberto no fundo. Em 11 de junho de 1959, o primeiro hovercraft da história, o SR-N1, fez sua primeira viagem. Dias depois, em 25 de junho, ele cruzou o Canal da Mancha, o que tornou o conceito conhecido e permitiu que ele se popularizasse.
O Yagalet funcionaria da mesma forma, mas seria uma espécie de híbrido. Teria rodas, como qualquer carro, mas também o colchão de ar sob o assoalho. Que provavelmente só seria inflado perto de entrar na água. A ideia, segundo Ivanov, nasceu como uma moto aquática, mas foi transposta para um veículo. Segundo o designer, só houve outras duas tentativas de fazer algo parecido, com o GAZ-16, desenvolvido entre os anos 1960 e 1964, e o "Objeto 760", um misto de tanque de guerra e hovercraft criado pelo Exército soviético na mesma época. E que não passou de um protótipo.
Ainda que a imagem principal da Yagalet mostre apenas uma projeção, a foto acima mostra que o modelo está mesmo em fase de protótipo. Ele pode nunca se tornar realidade, como frequentemente acontece nestes casos, mas só o fato de não ser apenas uma ideia já nos deixa curiosos sobre uma eventual apresentação pública do esportivo. Ivanov mostrou o projeto neste ponto justamente atrás de algum investidor que permita avançar com o projeto. Terá de ser algum bilionário bastante excêntrico, mas talvez a Rússia seja pródiga em criá-los.
