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O drama dos motores a combustão - Cerco se fecha em torno do diesel

Proibidos ou abandonados pelas fabricantes antes de ser proibidos, os diesel devem sair de cena em breve

Havia no Brasil um movimento para legalizar os veículos diesel. Chamado de APROVE Diesel, a iniciativa surgiu em agosto de 2013. E deu azar no "timing". Em maio de 2014 estourava o Dieselgate. Pesquisadores da Universidade de West Virginia, Daniel Carder e Arvind Thiruvengadam fizeram testes em modelos da Volkswagen e descobriram que um Passat 2013 emitia até 20 vezes mais poluentes do que era legalmente permitido. E não era o pior caso: um Jetta 2012 excedia os limites em até 35 vezes. “Nosso estudo só descobriu que eles se comportavam de modo diferente no dinamômetro e nos testes de campo. Não testamos o software, mas ficamos surpresos em ver o nível de emissões na estrada”, disse Carder à revista Quatro Rodas em 2015. Ninguém sabia, mas aquele foi o começo do fim para esse tipo de motorização.

Há algumas semanas, a imprensa britânica deu como mortos os motores diesel na Porsche, mas o que houve foi uma "readequação" de linha diante da nova demanda pelos carros da marca. A verdade é que os híbridos da Porsche fazem um sucesso estrondoso na Europa, que levou a empresa a anunciar uma plataforma exclusiva para elétricos, a PPE, desenvolvida em parceria com a Audi. “O sucesso de nossos híbridos plug-in ampliou nossa confiança. Eles estão encontrando um mercado pronto para eles entre nossos consumidores", disse Oliver Blume, CEO da Porsche. Cerca de 60% de todos os Panamera são da versão híbrida, que é econômica em combustível, pode rodar apenas com a carga de sua bateria e ainda é ágil como os modelos a gasolina. Por isso a Porsche tirou os diesel da linha do sedã e também do Macan. O único Porsche que poderá receber motor diesel é o Cayenne. E não há garantias de que isso ocorrerá se a versão híbrida do Cayenne, a S E-Hybrid, tiver uma demanda remotamente parecida com a do Panamera e a do Macan.

O caso é que uma série de empresas já declararam que não querem mais saber de vender motores diesel. A Toyota, pioneira em híbridos, não investirá mais neles. A Kia já desistiu de equipar seus modelos com este tipo de ciclo e a Volvo já falou que os Drive-E serão os últimos motores a combustão desenvolvidos pela marca. Para não falarmos da Mazda, que criou o ciclo SPCCI, mostrado no vídeo acima, intermediário entre o Otto e o Diesel. E que tem planos de levar o motor a combustão a uma eficiência recorde de 56%. O que é uma pena, já que o ciclo Diesel é um dos mais eficientes à disposição, com uma eficiência energética acima de 40% quase como regra. Os melhores motores de ciclo Otto chegaram a este nível de eficiência só muito recentemente.

Etanol

Uma alternativa para os motores diesel seria o uso de etanol no lugar do derivado de petróleo. A Scania já tem caminhões movidos exclusivamente pelo combustível vegetal desde 2011, mas parece que eles só foram vendidos em 2016, segundo reportagem da Automotive Business. Isso porque o etanol hidratado não pode ser usado como está nestes motores, mas sim com aditivos. Um deles, chamado de Master Batch 95, tem propriedades antidetonantes e antioxidantes e deve ser usado em uma proporção de 5% com o etanol hidratado.

Além de permitir a sobrevida deste tipo de motor, o uso do etanol nos diesel traria grandes vantagens no que há de mais atacável em relação a essa tecnologia: a produção de óxidos de nitrogênio (NOx), poluentes responsáveis por causar problemas respiratórios. A queima de etanol em motores diesel reduz a produção de CO2 em 91%, a de material particulado em 90% e a de NOx em 62%, segundo a tese de pós-graduação em energia de Thelma Lopes da Silva Lascala. Mas a indústria não tem a menor intenção de seguir por este caminho. A alegação de que seria uma "jaboticaba", ou seja, uma solução tipicamente brasileira, joga por terra qualquer esforço neste sentido. Pelo menos até que a produção de etanol de segunda geração tenha custos viáveis.

Antes que esse ciclo desapareça, ainda teremos alguns cantos de cisne, como o novo Mercedes-Benz C 300de, de "diesel electric", um híbrido plug-in com autonomia de até 40 km só com energia elétrica. Com isso, ele poderia rodar limpo em percursos urbanos, sem emitir poluentes nas cidades, e usar o poder e a economia dos diesel nas estradas. Provavelmente acelerando forte apenas com o motor elétrico e usando o diesel apenas para manter a velocidade. É nas acelerações e durante a chamada "fase fria", abaixo da temperatura ideal de funcionamento, que os motores a combustão produzem a maior parte de seus poluentes. Mas é irônico que os diesel se apoiem em uma tecnologia que veio substituí-los para tentar se manter com o nariz fora da água. Algo que a APROVE Diesel não conseguiu. E que os diesel, apesar das saídas técnicas que se apresentam, também não dá sinais de que conseguirá.

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