A BMW realizou neste último final de semana (de 9 a 11 de agosto) o M Festival. O evento foi sediado no autódromo de Interlagos, em São Paulo (SP), e foi a oportunidade que a companhia ofereceu para que jornalistas e convidados conhecessem lançamentos e experimentassem as versões esportivas dos carros da marca na pista. Nesta edição de 2019, quem compareceu ao evento, como a KBB Brasil, pode dirigir pela primeira vez cinco modelos recém-lançados ou que estão estão por vir no portfólio de versões M da BMW. São eles: X2 M35i, Z4 M40i, X3 M Competition, X4 M Competition e o Série 8 M850i.
A BMW está de bom humor com o mercado em 2019. A marca registrou crescimento de 7% nos primeiros 7 meses deste ano, mesmo considerando que o segmento premium, como um todo, esteja enfrentado queda de -5% em comparação com os resultados do ano passado. O bom desempenho de vendas da marca também está se refletindo na gama de modelos esportivos Motorsport. Até agora, 459 unidades de modelos M foram vendidos e a companhia projeta a superação do recorde de 2015 para este ano, quando a marca registrou 802 emplacamentos de carros esportivos. Não é à toa, portanto, que a companhia está preparando 10 lançamentos de modelos M no mercado até o final de 2020, começando pelos que conhecemos de perto no M Festival.
O PACOTÃO M
Iniciando por ordem de potência sob o capô, a BMW parece ter levando em consideração a nossa avaliação do X2, quando afirmamos, na época, que o crossover mereceria um motor mais potente. Dito e feito: a versão M35i é equipada com o mesmo motor 2.0 turbo de quatro cilindros, porém, recalibrado para gerar 306 cv e 45,9 kgfm de torque, trabalhando com câmbio automático de 8 marchas. Com estes números, o X2 M35i alcança uma ótima relação entre peso e potência de 5,2 kg/cv, o que, aliado às melhorias no conjunto de suspensão que as versões M recebem, torna o hatch verdadeiramente divertido. A versão é vendida por R$ 313.950.
Subindo a escada da potência, temos a nova geração do Z4, que desembarcará por aqui na versão M40i, equipada com motor 3.0 turbo de 6 cilindros em linha, ao preço de R$ 386.950. São 340 cv e 51 kgfm de torque trabalhando com câmbio automático de 8 marchas. O modelo já havia sido apresentado no último Salão do Automóvel de São Paulo, mas só agora tivemos a oportunidade de conhecê-lo em ação. Da lista citada no primeiro parágrafo do texto, o Z4 foi o mais equilibrado de todos para a situação de pista à qual ele foi submetido. A distribuição de peso igual entre os eixos, baixo centro de gravidade, carroceria compacta e os 4,5 kg/cv que ele oferece resultam num carro extremamente divertido para dar voltas em um circuito.
O modo Sport+ deixa todas as respostas do Z4 afinadíssimas com cada pressão no pedal direito e mesmo deixando a central eletrônica efetuar as trocas e reduções de marcha, o conversível não pareceu vacilar em nenhuma curva na hora de distribuir o torque necessário para manter o carro vivo. Embora o ronco do motor não seja o forte dele (ele não segue uma linha tão visceral neste sentido), até mesmo os estampidos a cada troca casavam bem com a condição esportiva. Mas o que anima de verdade o felizardo ao volante do Z4 na pista é o comportamento dinâmico permissivo, possibilitando leves "escorregadas" de traseira ao pisar no acelerador nas saídas de curva, sem qualquer flerte com a perda de controle, para gerar um sorriso espontâneo em quem está abordo dele.
A dupla de SUVs X3 e X4 serão vendidos pela primeira vez em suas histórias em versões verdadeiramente M no Brasil. Tratam-se das versões M Competition, que elevam a potência do propulsor 3.0 de 6 cilindros a 510 cv de potência e 61,1 kgfm de torque, também acoplado ao câmbio automático de 8 marchas. Apesar de pesarem quase duas toneladas (ambos pesam 1.970 kg), a força bruta do motor faz com que a relação entre peso e potência seja de meros 3,8 kg/cv. Isso significa que ambos são capazes de acelerar aos 100 km/h em cerca de 4 segundos. Logo, você pode imaginar qual é o tamanho da patada que os grandalhões dão ao extrair todo o desempenho deles em linha reta.
O que mais surpreende, no entanto, não é nem o fato dos SUVs acelerarem mais rápido do que um BMW i8, mas sim a capacidade que eles têm para frear e contornar curvas. É fato que, para desacelerar um carro deste porte em um autódromo onde o pedal direito está quase sempre encostado no chão, não há espaço para sutilezas no pedal do freio: é preciso pressioná-lo sem dó, mas o SUV freia muito bem e não há uma transferência de peso entre os eixos tão desconcertante como poderíamos esperar. Assim como não há nas curvas, onde você poderia imaginar que, devido à massa e ao centro de gravidade elevado, a carroceria adernasse muito, mas isso não ocorre de maneira significativa, considerando seu porte. Tanto o X3 quanto o X4 conseguem manter um nível de controle das suas reações realmente dignas de um carro que se diz esportivo, guardadas as devidas proporções por estarmos nos referindo a um utilitário. A pré-venda dos dois modelos ainda não foi iniciada, portanto ainda não há preços.
Por fim, a cereja do bolo do evento, ao menos no aspecto potência e exclusividade do preço, foi o Série 8 na versão M850i. O cupê é, para muitos, um dos carros mais bonitos da atualidade (certamente um dos mais bonitos da BMW), mas ele não manda bem apenas na estética. O modelo é impulsionado pelo conjunto de motor 4.4 V8 biturbo de 530 cv e 76,4 kgfm e transmissão de câmbio automático de 8 marchas e tração integração. Com isso, ele consegue entregar 3,5 kg/cv, o que lhe garante uma aceleração até os 100 km/h em menos de 4 segundos (3,7 segundos, para ser mais exato, de acordo com a fabricante). Assim como ocorre com os SUVs M Competition, cada recurso ao kickdown significa grudar suas costas no banco do motorista ao acelerar com o M850i numa reta como as de Interlagos.
Como era de se esperar, com tanta força bruta, o M850i foi o esportivo mais exigente de todos. Domá-lo na pista significa estar atento aos seus instintos, que variam entre o subesterço de quem calcula mal sua capacidade de entrar rápido em curvas, ao sobreesterço dos mais confiantes para controlar seu comportamento natural de escorregar a traseira durante o contorno. É perceptível que seus quase 5 metros de comprimento e 1.890 kg são mais apropriados para curtir viagens em rodovias, como um legítimo cruiser que é, uma vez que o cenário extremo da pista evidencia o esfoço de todo o chassi do carro para controlar as transferências abruptas de peso. De qualquer maneira, para os felizardos que possuírem os R$ 799.950 que a BMW pede por ele, o Série 8 também pode ser um brinquedo instingante em track days.
APARIÇÃO EXTRA
Além dos lançamentos que pudemos andar na pista, a BMW também levou ao M Festival, de maneira inédita, o X7. O SUV de luxo capaz de levar 7 pessoas já teve todo seu primeiro lote de 10 unidades vendido, segundo a BMW. Ele é equipado com o mesmo conjunto do M850i, porém com uma calibração menos brutal: são 462 cv e 66,2 kgfm de torque.
Se por um lado o utilitário causa polêmica pelo tamanho pra lá de avantajado da grade frontal, ninguém vai poder reclamar do nível requinte, sofisticação e tecnologia, como um carro de R$ 619.950 deveria entregar. Bancos com ajustes elétricos para todos os ocupantes, aquecimento, refrigeração e massageadores; ar-condicionado com 5 zonas independentes, teto solar panorâmico; central multimídia com reconhecimento de gestos, comandos por voz e telas para os bancos de trás; além de uma série de recursos autônomos de condução estão presentes na lista de equipamentos do SUV.