Honda ZR-V x HR-V Touring: qual vale mais a pena?

O Honda ZR-V Touring foi lançado em novembro de 2023 como opção a Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos. Importado do México em versão única, o estreante tenta abocanhar uma (pequena) fatia do segmento de SUVs médios apostando na reputação da marca e no bom espaço interno proporcionado pela plataforma compartilhada com o novo Honda Civic.

Além de não oferecer nenhum item exclusivo e nem mesmo motorização flex, turbo ou híbrida, o ZR-V Touring (R$ 214.500) ainda compete “em família” contra o HR-V Touring (R$ 198.500), mais equipado e dotado de um motor mais moderno e potente.

imensões

O ZR-V leva vantagem nesse quesito por ser construído sobre a mesma plataforma da última geração do Civic. Medindo 4,56 metros de comprimento, 1,84 m de largura e 1,61 m de altura, o SUV aproveita o bom entre-eixos de 2,65 m para acomodar confortavelmente cinco ocupantes.

O porta-malas de 389 litros, entretanto, é menor que o dos rivais da categoria (todos com mais de 400 litros). Para facilitar o transporte de bagagens maiores, a cobertura interna do compartimento pode ser dobrada para ocupar menos espaço quando não estiver em uso.

Embora seja um pouco menor que o ZR-V, o HR-V Touring não desaponta no espaço da cabine. Seus 2,61 m de entre-eixos são bem aproveitados e, caso seja necessário carregar objetos maiores, os assentos do banco traseiro podem ser rebatidos para ampliar o espaço para cargas, além dos 353 litros do porta-malas. O SUV mede 4,38 m de comprimento, 1,79 m de largura e 1,59 m de altura.

Motorização e desempenho

O ZR-V começa a levar desvantagem na disputa ao confrontar o seu motor 2.0 aspirado a gasolina com injeção multiponto contra o propulsor turbo do HR-V Touring. Embora não seja a última palavra em tecnologia, a unidade de 161 cv de potência a 6.500 rpm e 19,1 kgfm a 4.200 rpm entrega desempenho condizente para um carro sem pretensões esportivas.

A Honda não divulga os dados de desempenho de seus carros, mas em nossas medições levamos cerca de 12 segundos para atingir os 100 km/h. O câmbio automático CVT com sete marchas simuladas tem funcionamento suave e privilegia a economia de combustível, por isso as acelerações e retomadas podem parecer um tanto letárgicas para quem já se acostumou com um carro turbo.

Já o HR-V Touring leva sob o capô o 1.5 turboflex com injeção direta, que entrega até 177 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm a 1.700 rpm, também associado a caixa automática CVT com simulação de sete marchas. Neste caso, os 100 km/h chegam em aproximadamente 8 segundos, enquanto as respostas do acelerador são consideravelmente mais ágeis, graças ao torque pleno disponível abaixo de 2.000 rotações por minuto.

Em suma, é possível notar que o ZR-V tem um foco nos clientes que priorizam uma tocada mais confortável. Além do rodar mais macio, o chassi oriundo do Civic conta com suspensão traseira multilink e transmite um comportamento mais sólido. Combinado ao acabamento interno mais caprichado, o isolamento acústico também merece elogios pela eficiência em filtrar os ruídos externos e do motor.

O HR-V Touring também entrega bom nível de conforto, mas a sua dinâmica é um pouco mais acertada quando é preciso aplicar uma tocada mais esportiva. A direção é mais precisa e as suspensões são mais firmes que as do ZR-V.

Consumo

O Inmetro informa que o Honda ZR-V faz 10,2 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada, sempre abastecido com gasolina. Durante a nossa avaliação, o consumo urbano variou entre 7 km/l, em congestionamentos, e 10 km/l em vias expressas com trânsito livre. Em rodovia, conseguimos a marca de 15 km/l, rodando a maior parte do tempo a 110 km/h.

O HR-V Touring, por sua vez, tem consumo declarado de 7,9 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada quando abastecido com etanol. Com gasolina, as médias informadas são de 11,3 km/l e 12,6 km/l, respectivamente. Durante o nosso teste, o SUV chegou a fazer 11 km/l em percurso urbano e 17 km/l em rodovia, sempre com gasolina.

Equipamentos

Ambos saem de fábrica com itens triviais para carros de suas faixas de preços: airbags frontais, laterais e de cortina, ar-condicionado digital de duas zonas, central multimídia, faróis de LED com acendimento automático do facho alto, sensor de chuva, bancos de couro, freio de estacionamento eletrônico, carregador de celular por indução, banco do motorista com regulagem elétrica, entre outros.

A dupla ainda conta com o pacote de assistências, que adiciona frenagem autônoma emergencial, controle de cruzeiro adaptativo, assistente de direção e de permanência em faixa, além da câmera que mostra na tela da multimídia o ponto cego do carro ao acionar a seta para o lado direito.

Ainda na parte de segurança, o ZR-V leva vantagem por oferecer airbags para os joelhos do motorista e do passageiro do banco da frente. O SUV médio ainda traz teto solar elétrico e sistema de som com oito alto-falantes (no HR-V Touring são apenas quatro). A sua tela multimídia de 9 polegadas, porém, não permite conexão sem fio com smartphones Android. Isso sem contar a ausência de iluminação no porta-luvas, uma economia injustificável para um carro de mais de R$ 200 mil.

O HR-V Touring possui multimídia de 8”, mas o equipamento se conecta com celulares Android e Apple por meio do Bluetooth. Além do rebatimento, o banco traseiro ainda oferece saídas do ar-condicionado para os passageiros. Apenas o porta-malas do modelo menor tem abertura e fechamento elétricos por meio do botão na tampa, por gestos ou pela chave.

Veredito – O Honda ZR-V é um produto de qualidade, mas chega com um preço nada atraente para confrontar concorrentes já consolidados no mercado brasileiro. E ainda há o agravante de competir contra um modelo da mesma marca, que oferece mimos extras e motorização mais potente por R$ 18.700 a menos.

Ficha técnica