Vivendo praticamente às custas das vendas diretas do Kwid - enquanto Duster e Oroch são meros coadjuvantes em seus segmentos – a Renault aproveita as comemorações dos 25 anos de sua fábrica no Brasil para tentar emplacar um carro entre os modelos mais vendidos justamente na categoria mais disputada dos últimos anos: a de SUVs compactos.
Para figurar entre os líderes da categoria, o Renault Kardian aposta no visual alinhado aos últimos carros da marca na Europa e no conjunto motriz formado por um dos motores 1.0 turboflex mais fortes do mercado, associado a um câmbio automatizado de dupla embreagem.
Além disso, todas as versões do Kardian são equipadas de série com seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois de cortina), ar-condicionado digital, painel digital, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, entre outros itens.
Principais equipamentos de série e preços
Kardian Evolution (R$ 112.790): airbags frontais, laterais e de cortina; controles de estabilidade e tração; assistente de partida em rampas; controle e limitador de velocidade; sensores de estacionamento e câmera de ré; direção elétrica; ar-condicionado digital; vidros, travas e retrovisores elétricos; painel digital de 7 polegadas; central multimídia de 8” com Android Auto e Apple CarPlay; faróis com luzes diurnas em LED; rodas de 16”; barras de teto, entre outros.
Kardian Techno (R$ 122.990): itens da Evolution, mais frenagem automática de emergência; alerta de colisão frontal; freio de estacionamento eletrônico; rodas de liga leve de 17”; barras de teto com acabamento prateado; console com apoio de braço.
Kardian Première Edition (R$ 132.790): acrescenta controle de velocidade adaptativo (ACC); alerta de distância segura; sensor de ponto cego; câmera multiview; sensor de estacionamento dianteiro; faróis com acendimento automático; carregador de celular por indução; rodas de liga leve de 17” com acabamento diamantado e escurecido; antena tipo barbatana de tubarão; teto pintado na cor preta.
Como é o Renault Kardian
O SUV também estreia uma nova plataforma, capaz de receber eletrificação e que dará origem aos futuros carros da Renault na América Latina. Mirando principalmente os potenciais clientes de Fiat Pulse e Volkswagen Nivus, o Kardian é fabricado em São José dos Pinhais (PR) a partir da arquitetura RGMP, uma variante simplificada da estrutura do Clio europeu.
Com porte semelhante ao do Sandero/Stepway, o Kardian mede 4,12 metros de comprimento, 1,75 m de altura, 1,54 m de altura e 2,60 m de distância entre-eixos. E é justamente nessa última medida que a novidade se sobressai perante os rivais (7 cm a mais que o Pulse e 3 cm de vantagem ante o Nivus).
O seu porta-malas acomoda 358 litros no padrão VDA, aferido com blocos de isopor. Na medição feita em litros de água, o compartimento atinge 410 litros contra os 370 litros divulgados pela Stellantis em relação ao Fiat Pulse. O Volkswagen Nivus, por sua vez, supera os concorrentes com 415 litros no protocolo VDA.
Outra novidade que estreia com o Kardian na América Latina é o inédito motor TCe 1.0 turboflex de três cilindros, que entrega 125 cv de potência e 22,4 kgfm de torque.
O único câmbio disponível é o automatizado de dupla embreagem banhado a óleo com seis marchas. Para desmistificar esse tipo de transmissão no Brasil, a Renault argumenta que já vendeu na Europa mais de 1,3 milhão de carros com esse componente.
Finalmente um Renault de verdade
Há mais de uma década a Renault comercializa no Brasil carros projetados pela Dacia, subsidiária romena responsável pelo desenvolvimento dos modelos Sandero, Logan e Duster, todos oriundos da veterana plataforma B0.
O Kardian é derivado de uma moderna arquitetura modular utilizada pela Renault na Europa, que permite construir carros com até 2,90 m de entre-eixos (leia-se a futura picape monobloco que competirá contra a Fiat Toro) e ainda suporta motores com 37,7 kgfm de torque.
Para suportar as condições de rodagem brasileiras, o Kardian passou por um processo de tropicalização das suspensões (McPherson, na dianteira, e eixo rígido, na traseira). O resultado é um carro com boa capacidade de absorção de impactos, sem comprometer o conforto e a dinâmica. Durante o teste-drive realizado por estradas da região de Gramado (RS), o Kardian agradou pelo bom comportamento nos trechos mais sinuosos, mas o destaque fica para o seu comportamento em pisos sem asfalto. Em nenhum momento o conjunto chegou perto de atingir final de curso, mesmo passando por lombadas, valetas e vias de terra batida e cascalho.
Embora o Kardian tenha um visual marcante e traga um bom nível de equipamentos, o seu toque de “frescor” em relação aos demais carros da Renault está sob o capô. O motor 1.0 turbinado com injeção direta é menos potente que os propulsores de Pulse (130 cv) e Nivus (128 cv), mas o seu torque máximo de 22,4 kgfm é superior que os 20,4 kgfm de ambos os rivais.
Ao volante, o Kardian apresentou desempenho bem parelho com o dos concorrentes: arrancadas espertas e boa disponibilidade de força a baixos giros, garantindo boa agilidade em ultrapassagens. Embora também tenha três cilindros, o propulsor aparenta vibrar menos que os outros 1.0 turbo do mercado.
Já o câmbio de dupla embreagem pode gerar certa controvérsia devido à má fama que esse tipo de transmissão ganhou no país com o PowerShift da Ford, que tinha acoplamento a seco. No entanto, a caixa automatizada da Renault é lubrificada por óleo, que tem troca recomendada a cada 90 mil km rodados para prolongar a sua vida útil.
A Renault destaca que esse câmbio teve boa receptividade na Europa devido ao seu bom desempenho que é, de fato, bastante rápido e com trocas praticamente imperceptíveis. A marcha seguinte fica sempre pré-engatada para não desperdiçar a força do motor durante as trocas. É possível utilizar os paddle shifters no volante para aumentar ou reduzir, mas a caixa não permite uma condução puramente no modo manual, voltando para Drive depois de alguns segundos.
Mas não é apenas na dinâmica que o Kardian mostra uma considerável evolução frente aos modelos mais antigos da Renault. A posição de dirigir mais “encaixada” no banco com bons apoios laterais e a coluna de direção com ajustes de altura e profundidade denotam maior refinamento na ergonomia do SUV.
O acabamento é simples, com muito plástico duro nas portas e sobre o painel, mas a qualidade do material e a montagem são superiores às dos Renault mais antigos e do próprio Nivus.
Nesse primeiro contato, o Kardian mostrou que a Renault está engajada em mudar a sua trajetória no mercado brasileiro com produtos de qualidade superior à dos atuais, e o novo SUV compacto se apresenta como o melhor carro produzido no país nas últimas duas décadas e meia.
Teste-drive a convite da Renault
Ficha Renault Kardian Première Edition
Preço: R$ 132.790 (março de 2024)
Motor a combustão: dianteiro, transversal, 1.0 turbo, 3 cilindros, 12 válvulas, injeção direta, a etanol/gasolina
Potência: 125 cv 5.000 rpm
Torque: 22,4 kgfm a 2.000 rpm
Tração: dianteira
Câmbio: automatizado de dupla embreagem banhada a óleo, 6 marchas
Direção: elétrica
Suspensão dianteira: independente McPherson
Suspensão traseira: eixo rígido com molas helicoidais e barra estabilizadora
Freios dianteiros: discos ventilados com ABS e EBD
Freios traseiros: tambores com ABS e EBD
Pneus: 205/55 R17
Rodas: liga leve 17 polegadas
Dimensões: 4.119 mm de comprimento/ 2.205 mm de largura (com espelhos)/ 1.595 mm de altura/ 2.604 mm de entre-eixos
Altura livre do solo: 210 mm
Volume do porta-malas: 358 litros
Aceleração de 0 a 100 km/h: 10 segundos
Velocidade máxima: 180 km/h (limitada eletronicamente)
Consumo (Inmetro)
Ciclo urbano: 9 km/l/13,1 km/l (etanol/gasolina)
Ciclo estrada: 9,7 km/l/13,9 km/l (etanol/gasolina)
