O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o retorno das atividades da Venirauto Industrias C.A. após um período de inatividade. A estatal binacional foi fundada em 2006 pelo então presidente Hugo Chávez com investimentos do governo iraniano.
O nome Venirauto é uma abreviação de Ven (de Venezuela), ira (de Irã) e auto (de Automóveis). A empresa voltará a fabricar carros projetados no país asiático pela Iran Khodro (IKCO) e Saipa.
Embora a Venezuela esteja atravessando uma grave crise econômica, na qual grande parte da população sofre dificuldades para adquirir itens básicos, como alimentos, Maduro disse que o retorno da Venirauto oferecerá carros acessíveis aos venezuelanos, com o objetivo de “permitir à população economizar dinheiro com veículos que consomem apenas 14,2 km/l de gasolina e que serão vendidos por entre US$ 12 mil e US$ 16 mil (o equivalente a R$ 63.200 e R$ 84.270, respectivamente, em conversão direta)”.
A Venezuela terminou 2021 como o país mais pobre da América Latina. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país sul-americano registrou a menor renda per capita da região: US$ 1.627 (equivalente a R$ 8.577), ficando atrás do Haiti, com US$ 1.690 (R$ 8.909). Em 2011, a renda per capita da Venezuela era de US$ 12.100 (R$ 63.800 na cotação atual).
Estatal nunca atingiu projeções de produção
Embora o governo venezuelano afirme que a Venirauto abrirá 20 concessionárias pelo país, a estatal nunca cumpriu as metas de produção anunciadas no passado. Na época de sua fundação, a Venirauto chegou a declarar que produziria 25 mil veículos por ano, mas um relatório divulgado em 2016 pelo Ministério das Indústrias apontou que a empresa montou apenas 3.733 carros em 2011; 3.595 em 2012 e 2.048 unidades em 2013. A pior marca foi a de 2014: 1.844 veículos da projeção de 8.580 unidades.
Carros da Venirauto utilizam antigas plataformas da Peugeot
Os modelos fabricados pela estatal venezuelana são os sedãs Tara e Dena, desenvolvidos pela IKCO. O Tara é equipado com o motor 1.6 TU5 da PSA Peugeot Citroën, enquanto o Dena é movido por um 1.6 projetado no Irã. Os dois propulsores geram 113 cv de potência cada.
Ambos são construídos a partir de antigas plataformas da PSA. O Tara é montado sobre a base do Peugeot 301 e o Dena utiliza a estrutura do Peugeot 405.
