Há certas coisas que não podem ser consideradas apenas como coincidências. Em março deste ano, havia um rumor de que Carlos Ghosn, presidente da Aliança Renault Nissan, pretendia unir as empresas em uma só. Isso traria uma série de vantagens administrativas, mas acionistas da Nissan teriam barrado a ideia rapidamente. Agora, 8 meses depois daquela ideia, e depois de "meses de investigações", o todo-poderoso executivo está preso sob a acusação de fraude fiscal. E diretores da Nissan se preparam para sugerir que ele seja sumariamente demitido.
Tanto Ghosn quanto Greg Kelly, diretor representativo da empresa, são acusados de informar às autoridades japonesas um salário "muitos milhões de ienes" abaixo do real, o que configura crime de fraude fiscal. O crime teria sido descoberto com a ajuda de um informante interno, obviamente anônimo.
Ainda não se sabe as repercussões que o caso terá para Ghosn na condução das demais empresas da Aliança. Nem se ela resistirá à perda de seu homem forte. Ghosn foi o executivo que, a partir de 1999, ajudou a salvar a Nissan de uma falência certa. Com a empresa recuperada e em boa saúde, pode ser que algum acionista tenha se irritado com a ideia de a Nissan se tornar parcialmente francesa e resolvido dar com a língua nos dentes. Saberemos mais sobre a história muito em breve.