A nova geração do M2 pode parecer um contrassenso diante da nova fase da BMW, cada vez mais focada em carros elétricos. O cupê honra a tradição da divisão esportiva Motorsport ao combinar a sonoridade do motor de seis cilindros em linha com a tocada maliciosa da tração traseira para proporcionar uma experiência que pode estar com os dias contados em nome da eficiência e do controle de emissões.
Se o BMW M2 de primeira geração já era um carro instigante de dirigir (tanto que vendeu quase 60 mil unidades durante os sete anos em que foi produzido), o novo modelo é ainda melhor, embora o seu visual geométrico tenha causado alguma controvérsia entre os fãs mais puristas da marca alemã.
Diferentemente de outros modelos mais recentes da BMW, o M2 não possui uma grade frontal exageradamente grande. O que mais chama a atenção no cupê são os para-lamas alargados para acomodar os novos componentes das suspensões herdadas do M4 e as rodas de 19 polegadas na dianteira e 20” na traseira. E, por falar em traseira, o para-choque repleto de vincos ostenta nada menos que quatro saídas de escape.
Em resumo, a carroceria de 4,57 metros do novo M2 é 12 centímetros mais comprida e 3,3 cm mais larga que a do antecessor, enquanto o entre-eixos é 5,4 cm maior.
Chucrute apimentado
Desenvolvido na Alemanha e fabricado no México, o novo M2 também ganhou peso com o aumento de reforços que elevaram a sua rigidez estrutural em 40%: de 1.650 kg para 1.800 kg. Para compensar essa “anabolizada”, o cupê utiliza o mesmo motor 3.0 de seis cilindros em linha biturbo do sedã M3, mas calibrado para entregar 20 cv a menos que no irmão maior. Ainda assim, é uma apimentada considerável para entregar 460 cv ante os 370 cv do antigo M2.
Por R$ 50 mil a mais na hora de assinar o cheque (ou fazer o pix), o comprador pode configurar o esportivo com o pacote que traz freios com pinças pintadas de vermelho, estrutura dos bancos dianteiros e teto feitos de fibra de carbono para baixar o centro de gravidade e aliviar um pouco o peso do M2 (redução de aproximadamente 18 kg), que tem preço inicial de R$ 617.950 na versão de entrada com teto solar. A configuração mais cara ainda conta com um incremento na velocidade máxima limitada de 250 km/h para 285 km/h com o auxílio da eletrônica.
Infelizmente, a BMW não oferece a opção de câmbio manual de seis marchas, disponível em outros mercados, mas a transmissão automática de oito velocidades do M2 vendido no Brasil não interfere negativamente na condução do cupê. Pelo contrário: as trocas são sempre rápidas e com o motor girando alto, do jeito que o M2 pede para ser conduzido em pistas fechadas.
Capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos, o M2 impressiona mais pela experiência do que pelos números de desempenho. Durante uma divertida e ensolarada tarde, tivemos a oportunidade de explorar o esportivo durante dezenas de voltas no Autódromo Capuava, no interior paulista, um circuito um tanto travado para um carro do potencial do novo M2.
Embora seja movido pelo mesmo conjunto mecânico do M3, o M2 é um carro mais visceral em todos os sentidos. Começando pelo ronco do seis-em-linha, consideravelmente mais alto e que toma conta da cabine do cupê. As respostas da direção também são mais rápidas, a ponto de assustar pela precisão na hora de apontar a frente do carro na primeira curva do autódromo.
Enquanto o M3 permite um pouco mais de ousadia na hora de sair das curvas com o pé embaixo, o M2 exige mais cautela para não sair “abanando” a traseira exageradamente. Mas essa é a característica mais divertida do cupê, bastando controlar a trajetória com um contraesterço na direção. Ainda assim é um carro que demanda certa experiência do motorista para explorar o seu limite dinâmico.
Os parâmetros de motor, câmbio, escapamento e dos controles de estabilidade e tração podem ser estabelecidos previamente e acionados nos botões M1 e M2 no volante, para configurar o carro de acordo com as preferências do condutor.
Há também os três modos de condução, que deixam o comportamento do carro mais amigável na função Road ou liberando mais potência na Sport. No modo Track, o mais extremo de todos e indicado apenas para o uso em pistas fechadas, as assistências são totalmente desligadas, deixando o controle pleno do cupê nas mãos do motorista.
E como tudo o que acelera em algum momento precisa parar, o M2 possui freios soberbos, com pinças de seis pistões nas rodas dianteiras e flutuantes de pistão único nas traseiras. Mesmo depois de seguidas frenagens durante algumas voltas mais empolgadas, o conjunto não apresentou fadiga ou perda de eficiência – bastou uma volta de resfriamento para entregar o carro a outro jornalista que aguardava ansiosamente a sua vez de acelerar o esportivo.
O novo BMW M2 ainda conta com recursos tecnológicos que serão mais aproveitados durante um passeio em velocidades civilizadas, como o ar-condicionado automático de duas zonas e o painel de instrumentos digital de 12,3” integrado à multimídia de 14,5”, formando uma grande tela curvada como no SUV grandalhão X7 que também avaliamos aqui na KBB Brasil.
Veredito – o novo M2 pode ser considerado um dos últimos esportivos “raiz”. Rápido, preciso e divertido de guiar, o cupê conserva a aura dos carros que cativam pela experiência ao volante, características que o farão ser ainda mais cobiçado em tempos de avanço da eletrificação.
Teste-drive a convite da BMW
Ficha técnica BMW M2
Preço: a partir de R$ 617.950 (dezembro de 2023)
Motor a combustão: dianteiro, longitudinal, 3.0 seis cilindros em linha, 24 válvulas, turbo, injeção direta, a gasolina
Potência: 460 cv a 6.250 rpm
Torque: 56,1 kgfm a 2.650 rpm
Tração: traseira
Câmbio: automático 8 marchas
Direção: elétrica
Suspensão dianteira: independente McPherson
Suspensão traseira: independente multilink
Freios dianteiros: discos ventilados com ABS e EBD
Freios traseiros: discos ventilados com ABS e EBD
Pneus: 275/35 R19 (dianteiros) e 285/30 R20 (traseiros)
Rodas: liga leve 19 (dianteiros) e 20 polegadas (traseiros)
Dimensões: 4.580 mm de comprimento/ 1.887 mm de largura/ 1.403 mm de altura/ 2.747 mm de entre-eixos
Peso em ordem de marcha: 1.725 kg
Capacidade de carga: 430 kg
Volume do porta-malas: 390 litros
Volume do tanque de combustível: 52 litros
Aceleração de 0 a 100 km/h: 4,2 segundos
Velocidade máxima: 250 km/h (limitada eletronicamente)
Consumo (Inmetro)
Cidade: 7,5 km/l
Estrada: 9,2 km/l
