Já se tornou rotina perceber que os carros de entrada vendidos no Brasil são muito piores do que os vendidos na Europa. Teoricamente iguais, com os mesmos nomes e carrocerias, mas uma qualidade construtiva muito inferior. Se não é por falta de barras de proteção laterais, é por pontos de solda a menos ou alguma outra medida de economia que não permite outra conclusão que não a de que somos vistos como cidadãos de segunda classe. A mais nova empresa a engrossar esse triste bordão é a Nissan. O March, chamado na Europa de Micra, foi testado pelo Euro NCAP em 2010 e recebeu 4 estrelas em uma avaliação muito mais rigorosa que a do Latin NCAP. No teste do modelo brasileiro, ele conseguiu apenas 1 estrela. Em boa medida por sua estrutura instável e pela compressão alta no peito do motorista, que tem proteção débil (uma antes da chamada pobre, potencialmente mortal).
A Europa já tem a nova geração do March/Micra, que ainda não tem data para chegar por aqui, mas chegará. E ela também recebeu 4 estrelas com seus equipamentos de série e 5 com o Safety Pack. Comparando a geração anterior, testada em 2010, com o March atualmente vendido no Brasil, a pior nota recebida pelo modelo, que tem estrutura estável, foi a proteção ao peito e às pernas, consideradas marginais. Essa é a classificação imediatamente abaixo de "adequado". Muito superior à "débil" e à "pobre". Confira abaixo o vídeo do teste desta rodada, do qual também participou o Mazda2 feito no México. Ele levou duas estrelas.
Repare bastante na cabine. Tanto no impacto frontal quanto no lateral. Agora, confira o vídeo do teste do Latin NCAP com o do Euro NCAP, que em 2010 tinha um teste semelhante ao atualmente efetuado por aqui, mas ainda superior ao nosso. Na Europa, o programa avaliava a proteção ao pescoço contra o "efeito chicote", que pode deixar muita gente paralítica. O Latin NCAP não inclui essa avaliação dos bancos até hoje.
O resultado é mais um argumento a favor da rápida substituição do March brasileiro pelo de nova geração. Vale lembrar que ele só não veio ainda para o Brasil porque precisava passar por uma "tropicalização" que o tornasse mais barato de vender em países emergentes, construído sobre a plataforma V. A mesma do March/Micra anterior (na Europa) /atual (por aqui). Só fica a torcida para que a "tropicalização" não tenha sido um uso de menos soldas ou a eliminação de equipamentos que todo mundo já dá de barato que estão nos carros, mas não estão. Como as barras de proteção lateral.